Temos analisado os Períodos da
Literatura Brasileira, conteúdo cobrado no caderno de Linguagens e
Códigos. Como o Enem é uma prova que valoriza a interdisciplinaridade,
faremos uma ponte dessa matéria com um conteúdo de filosofia, cobrado no
caderno de Ciências Humanas e que também pode ser utilizado na Redação.
Recentemente estudamos a escola literária conhecida como Arcadismo, cuja característica mais marcante é o conceito de fugere urbem: a fuga das grandes cidades e da civilização, o retorno à natureza e a valorização da simplicidade.
O filósofo Jean-Jacques Rousseau viveu no século XVIII. Uma de suas principais obras é Do Contrato Social,
na qual ele desenvolve sua teoria contratualista e define o estado de
natureza do ser humano, ou seja, sua essência, seu aspecto natural,
original. É válido lembrar que o estado de natureza é uma situação
hipotética e metafísica.
É abordando o estado de natureza do homem, que Rousseau utiliza um dos termos mais lembrados de sua obra: o bom selvagem.
A ideia é de que o ser humano tem uma natureza (essência) boa, com
plena liberdade, mas que o convívio na sociedade civilizatória o
corrompe, o modifica; e esse é um dos motivos que impedem que a
civilização atinja o bem comum e a igualdade.
É
comum relacionar a ideia de bom selvagem do Rousseau com o conceito de
fugere urbem do Arcadismo. Essa relação faz sentido quando pensamos na
fuga da civilização como forma de retorno à liberdade do indivíduo e à
igualdade social. Entretanto, é importante não confundir o uso do termo
“natureza”. No Arcadismo, defende-se realmente o retorno ao campo, à
natureza no sentido de meio ambiente. Já Rousseau defende que a
civilização corruptiva não afete a natureza do homem, no sentido de
essência humana.
Para
reforçar essa questão, recomendamos a leitura de um artigo de Catherine
Larrère, da Universidade de São Paulo (USP), disponibilizado aqui.
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