Um fenômeno na esfera escolar
pública brasileira tem chamado a atenção da mídia e da sociedade como um
todo ao longo deste ano: o número crescente de escolas municipais e/ou
estaduais que passaram a ser dirigidas pela Polícia Militar. O tema gera
debates acalorados entre as pessoas favoráveis e contrárias à medida,
entre pais e policiais envolvidos e educadores que pensam se tratar de
um retrocesso.
As gerações
passadas, de nossos pais e parentes mais velhos, como tios, estudaram em
escolas que estavam se abrindo à classe trabalhadora, já que desde o
início da escolarização do Brasil até meados do século XX, a escola
brasileira era destinada apenas para os meninos da elite. Com a
democratização do ensino, os colégios abriram as portas para as meninas e
para os filhos das camadas mais humildes da população, processo que se
deu nem um acompanhamento reflexivo acerca do trabalho docente.
Ao
longo do Ditadura Militar, as escolas serviam como incentivadoras do
regime e no nacionalismo exacerbado que é característico de regimes
militares e, assim, a disciplina Educação Moral e Cívica fazia parte do
currículo e ensinava ética, moral e civismo de acordo com a ideologia
militar. Meninas tinham suas meias ¾ e suas saias medidas na entrada da
escola e maquiagens e adornos eram proibidos, além do cabelo sempre
precisar estar preso; o penteado dos meninos também era fiscalizado,
assim como o comportamento de todos.
Com
o passar do tempo e com as conquistas feministas, as garotas tomaram
mais espaço e as calças compridas foram permitidas, assim como adornos
pequenos e um batom discreto. Hoje, em muitos colégios, o uniforme é,
apenas, a camiseta da instituição e os alunos podem manifestar sua
identidade de maneira mais livre.
Porém,
há escolas que parecem estar andando na direção contrária, pois estão
sendo dirigidas pela Polícia Militar com um rigor disciplinar que
assusta alguns educadores. Os estudantes são obrigados a usarem
uniformes que lembram fardas (e que devem ser compradas pelos alunos) e
devem bater continência aos policiais, aos professores e aos colegas que
possuem patentes dentro do colégio; além disso, manifestações de
carinho são estritamente proibidas, assim como cortes de cabelo fora do
padrão, maquiagens, adornos etc.
Somente
no estado de Goiás, por exemplo, há 26 colégios que são dirigidos pela
Polícia Militar e, segundo a instituição, o desempenho dos alunos nas
avaliações externas aumentou muito, além da violência dentro e ao redor
da escola ter diminuído. O argumento favorável considera que a
vigilância e a disciplina militar afastam o crime, o tráfico de drogas e
a indisciplina dessas escolas, já que grande parte delas está
localizada em áreas violentas e pobres das cidades; é o caso da escola
estadual Prof. Waldocke Fricke de Lyra, em Manaus, na qual havia muito
vandalismo e medo de assaltos.
Alguns
professores e alunos não se adequaram ao novo sistema e saíram do,
agora, 3º Colégio Militar da PM Prof. Waldocke Fricke de Lyra, já que os
docentes são subordinados à direção da Polícia Militar. Apesar das
controvérsias, muitos pais apoiam a medida por pensarem que o desempenho
de seus filhos melhorou e o índice de criminalidade caiu nos bairros
nos quais as escolas estão localizadas.
O
estado de Goiás libera o ranking como a unidade federativa que possui
mais colégios militares (26), seguido por Minas Gerais (22) e Bahia
(13). Para alguns especialistas em educação, a medida é um retrocesso,
pois padroniza os alunos e impõe a eles um comportamento, além de inibir
questionamentos e uma postura mais crítica, afinal os policiais,
inclusive, permanecem armados dentro das escolas.
E você, leitor, o que pensa sobre o assunto?
Até a próxima semana!
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